06 dezembro 2019

Ganhadores: A greve negra de 1857 na Bahia. Ao Brasil da Uberização de 2019.



O historiador João José Reis há pouco tempo um livro, que ainda não li, mas que já gostei, sobre o título de “Ganhadores: A greve negra de 1857 na Bahia.” Onde ele relata a primeira greve do Brasil que se tem conhecimento até os dias de hoje. O próprio autor chama atenção que diferentemente de outros pequenos movimentos grevistas, que ocorreram anteriormente, o movimento dos chamados “Ganhadores”, que eram pessoas que trabalhavam sem a imposição de um feitor, que existiam nas fazendas, pagavam por semana um dado valor ao seu proprietário, podendo ficar com o excedente do seu trabalho e na maior das vezes se mantinham (alimentos e roupas) por conta própria.

É interessante tanto a caracterização do tipo de trabalho, um passo intermediário entre o escravo que não recebia nada por seu trabalho, para um escravo que retirada uma mais valia incrivelmente alta, ele recebia uma parte como um proletário normal. Estes escravos Ganhadores, exerciam diversas atividades, desde o simples transporte de cargas, até atividade de profissionais, como pedreiros, marceneiros e até mecânicos, sendo que em Salvador a maior parte era de carregadores de pessoas em cadeiras, subindo e descendo as ladeiras da cidade (o preço era mais ou menos estipulado pelo trajeto).

Porém o mais interessante de tudo, foi o motivo e a forma que estes escravos escolheram para protestar, não fugindo para quilombos nem em revoltas organizadas como a mais conhecida Revolta dos Malês, ocorrida quase meio século antes da greve.

Também é interessante fazer uma relação entre estes escravos de ganho, os Ganhadores, e os atuais entregadores de refeições de bicicleta que embora estes últimos não sejam de propriedade de ninguém, a forma de exploração se aproxima muito, ou seja, ganhos extremamente baixos e um trabalho exaustivo de subir e descer ladeiras com bicicletas com cargas pesadas nas costas. Também os Ganhadores, muito deles possuíam suas próprias ferramentas, não moravam com seus proprietários e pagavam grande parte do valor de seu trabalho para os proprietários.

Podemos dizer que 167 anos depois da greve dos Ganhadores, as condições de trabalho se aproximam rapidamente, com as políticas neoliberais, mostrando que os nossos Ganhadores do século XIX, os primeiros brasileiros que executaram uma greve bem sucedida, historicamente as milhares de movimentos operários que a sucederam, resultaram em ganhos que se mostram efêmeros, pois enquanto houver escravos ou proletários e proprietários dos meios de produção, no caso dos 

Ganhadores os próprios corpos dos escravos, todo e qualquer movimento para garantir melhores condições de trabalho poderão retroceder conforme as necessidades dos proprietários.

A comparação entre os escravos de ganho e os atuais trabalhadores uberizados é inclusive achada procedente pelo autor desta excelente obra que mostra a história das classes dominadas e não histórias de reis e rainhas e grandes generais ou proprietários.

25 outubro 2019

Pequenas recomendações sobre a educação nas redes sociais.



No século passado, antes da existência das chamadas redes sociais, as pessoas eram muito mais sociabilizadas do que atualmente, a impessoalidade e também o aparente anonimato criou uma forma de comportamento que se dissociou do que se chamava boa educação nos séculos passados, como já tenho bem mais de meio século de existência me permito a transmitir algo que a vida me ensinou.
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Dizer que no passado as pessoas eram mais bem-educadas é um erro, porém os mecanismos de contensão social agiam reprimindo diretamente os mais mal-educados. Por exemplo, se alguém era completamente estúpido com os outros, mais cedo ou mais tarde ele levava um tapa na cara, uma reprimenda direta de um superior ou mesmo uma surra (quando não levava um tiro ou uma facada).Mesmo quem era simplesmente grosso e não seguia as normas de conduta sofriam reprimendas, ironias ou somente caras fechadas, que para pessoas normais servia como alerta.
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Muitos utilizam eufemismos do tipo: “Mimimi” ou “sou contra o politicamente correto”, para simplesmente esconder a sua "falta de educação" ou "distúrbios sérios de comportamento". Para o segundo tipo de comportamento sugiro que as pessoas procurem um tratamento psiquiátrico, então ficarei restrito às pessoas normais que simplesmente perderam um pouco do senso de ética e a educação pelo uso intensivo das redes sociais.

Nos dias de hoje, as redes sociais servem como uma verdadeira máscara ou mesmo uma aparente couraça de proteção a atos antissociais. Quantas pessoas de má índole utilizam as redes sociais diretamente ou até indiretamente para desfazerem laços afetivos sem precisar dizer diretamente às suas “paixões” que desistem da relação. Na verdade, neste caso quem sairá em vantagem são aqueles que recebem o distrato impessoal, pois quem utiliza meios impessoais para romper laços amorosos não deveria ter quem os amassem.

Mas como não sou conselheiro sentimental, volto logo ao objetivo central do texto, o uso das redes sociais de forma indevida para quem não teve uma educação formal clássica ou teve progenitores que simplesmente eram também inábeis e mal-educados (vide a “famiglia” Bolsonaro).

Eu, desde a mais tenra idade, fui ensinado por minha avó, um anjo de criatura, que jamais deveríamos apontar o dedo para qualquer passante nas ruas que tivesse alguma diferença de comportamento, status social, complexão física ou qualquer outro tipo minoria. Este tipo de comportamento fui educado mesmo antes de ser alfabetizado. Ou seja, antes da década de sessenta do século passado já sabia que isto era má educação. Importante notar que neste tempo não existia nem a expressão “politicamente correto”, mas sim de boa educação.

Mais tarde apreendi que éramos responsáveis por nossos atos, ou seja, como não existia a chance do anonimato, todos nós éramos diretamente responsáveis por palavras, posições políticas e sociais que defendíamos individualmente ou mesmo em nome de coletivos que eram nominados, os fenômenos de contas fantasmas nas redes e mentiras propagadas via replicação de escritos por anônimos. Por este motivo sugiro que todos, quando possível, ao emitir uma opinião qualquer utilize o seu nome e sobrenome, coisa que faço regularmente quando escrevo ou falo via Internet.

Mas há outras recomendações que apreendi com o tempo, que passo aqueles que querem manter a sua imagem pelo menos limpa na rede. Sofrer o contraditório por pessoas que se põe contra a nossas opiniões e que se manifestam no mesmo nível, com educação e sem anonimato, devem ser consideradas e refutadas, ou até confessado imediatamente o seu erro, pois o erro é algo da natureza humana.

Um pouco de educação formal não faz mal a ninguém, em discussões cara a cara, geralmente as pessoas se cumprimentam e dão uma noção de quem é o seu interlocutor, quando acontece algo semelhante nas redes sociais, geralmente por preguiça, ninguém cumprimenta ou se apresenta, entra solando sem a mínima introdução.

Sempre ao propor um debate de opiniões, faça da forma mais honesta possível, não escondendo suas posições ou tentando vender gato por lebre.

Ao interromper temporariamente uma discussão, dê uma pequena explicação porque tem que abandonar a discussão e se despeça educadamente, a despedida pode ser até um pequeno “tchau”, mas não saia sem dizer nada.

Outra coisa que aprendi nas redes fazendo um debate franco e educado com pessoas que estão em posição completamente opostas as nossas, que a capacidade de mudar a opinião, se os argumentos forem honestos é muito maior do que se pensa.

Há uma peculiaridade que poucos se dão conta, há pessoas honestas que refutam nossas opiniões e por serem mais toscas, apelam em parte para desaforos e até insultos. Estas pessoas por formação tem a necessidade do uso de uma linguagem mais agressiva, não deixe barato, faça uma longa argumentação correta e educada e no fim desta reaja com a mesma violência que do seu interlocutor ou até um pouco mais, que terás uma surpresa, na maioria dos casos ele vai abrir mão dos desaforos e entrar num debate civilizado. Estas pessoas que argumentam e junto com a argumentação intercalam desaforos querem alguém que debata com eles e não se submeta a intimidação. Importante, desenvolva o seu raciocínio sempre no início e deixe os desaforos para o fim, nunca inverta a ordem.

Quando for discutir sobre um assunto que não tenha domínio absoluto, comece a discussão simplesmente deixando claro a sua posição de falta de expertise no assunto, pois é mais fácil aparentar menos no início do que mostrar que não sabes durante o debate.

Poderia seguir em algumas recomendações sobre debates civilizados nas redes sociais, só vou dizer algo, nunca debata contra frases toscas que são postadas nas redes, que a chance de estar respondendo para um robô são muito grandes.

Obrigado pela atenção.

21 outubro 2019

Se Sérgio Porto ainda tivesse vivo, ele pediria parte dos salários dos altos signatários da República.


Sérgio Porto (1923 — 1968), conhecido pelo pseudônimo de “Stanislaw Ponte Preta”, foi um cronista, escritor, humorista, radialista, teatrólogo e compositor, que além de possuir uma cultura excelente tinha um senso de humor fantástico e refinado.
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Ele fazia crônicas ácidas que criticavam a moralidade da sua época e quando foi necessário a ditadura militar, faleceu precocemente aos 45 anos e a sua última frase que proferiu no seu leito de morte para a pessoa que o estava cuidando mostra exatamente quem foi Sérgio Porto “Tunica, estou apagando. Vira o rosto prá lá que não quero ver mulher chorando perto de mim.
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Ele era um profissional fantástico conhecido tanto por suas crônicas, mas também por suas frases, como: “Imbecil não tem tédio” ou “Basta ler meia página do livro de certos escritores para perceber que eles estão despontando para o anonimato” como centenas de outras.
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Sérgio Porto escreveu três livros exatamente sobre aqueles que ele criticava, chamado: “FeBeAPá – Festival da Besteira que Assola o País”, onde há uma coleção de besteiras que foram colecionadas por Sérgio Porto, tais como esta: “Policiais da Dops e elementos do Exército invadiam a casa da escritora Jurema Finamour e carregavam diversos objetos, inclusive um liquidificador. Vejam que perigosa agente inimiga esta, que tinha um liquidificador escondido dentro de sua própria casa.” Só para quem não sabe Dops era o Departamento de Ordem Política e Social do Brasil, a polícia política, onde qualquer coisa que provocasse estranheza dos policiais e outros agentes públicos, militares, por exemplo, era coisa de comunista.
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Pois a morte poupou Sérgio Porto de uma velhice mais prolongada (teria 96 anos) e também de ver parte de seu humor seria indevidamente usurpado pelos altos cargos da República, pois simplesmente as piadas já saem prontas das bocas e ações daquele que ocupa o cargo de presidente e seus diletos primeiro e demais escalões.
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Até a morte de Sérgio Porto, as piadas eram produzidas em sua maioria por prefeitos, vereadores, deputados e poucas por ministros e presidentes. Isto ocorreria principalmente porque nos cargos mais elevados, existiam pulhas com mais cultura e com senso de ridículo. Jamais teríamos um ridículo ministro da educação que faria uma grotesca imitação do famosíssimo Gene Kelly, um dos mais respeitados atores e dançarinos do cinema mundial cantando e dançando a canção “Singin' in the Rain” que deu o nome a um musical clássico de Hollywood. Também as performances da Ministra Damares, os surtos do Ministro Guedes e o besteirol do nosso Ministro das Relações Exteriores além das frases e mensagens escatológicas daquele que ocupa a cadeira da presidência (não vou falar do haviam do ministro da educação, pois caio frequentemente neste erro horrível e roto não deve falar de descosido).
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Isto tudo causaria um sério problema para Sérgio Porto, pois as imagens, as falas e os escritos destes personagens, por si só já são uma piada pronta, não necessitando nada mais do que as colocar em evidência.

20 outubro 2019

Os liberais e conservadores vão se ferrar, estarão no poder no início da maior crise internacional das últimas décadas.



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Talvez com todas as bagunças que acontecem no governo atual brasileiro, as pessoas não estão falando do Urubu que desceu nas previsões dos maiores bancos internacionais, nas situação de aproximadamente 15% de todas as empresas por todo o mundo que receberam o nome carinhoso de “Empresas Zumbis”.
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Para quem não acredita, colocarei algumas notícias das últimas semanas de órgãos de imprensa representativo do capitalismo internacional e algumas declarações de elementos chaves do capitalismo internacional e depois comentarei.
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Do “The Guardian” em 25 de setembro de 2019: “Global recession a serious danger in 2020, says UN.”
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Do “Financial Review” em 4 de outubro de 2019: “Rumblings of global recession get louder.”
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Da “Bloomberg” em 12 de outubro de 2019: “Is the World Economy Sliding Into First Recession Since 2009?”
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Do “Financial Times” em 13 de outubro de 2019: “Global economy enters period of ‘synchronised stagnation’”
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Da “CNBC” em 16 de outubro de 2019: “‘Awfully high’ risks of a global recession in the next 12-18 months, Moody’s chief economist says.”
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Da agência “Reuters” em 18 de outubro de 2019: “Global economy slows, recession risk hangs in the balance: Kemp”
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Da “CNN” em 19 de outubro de 2019 (otimista): “Not all recessions are a crisis, and the next one won't be as bad as 2008.”
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A única notícia otimista mesmo vem dos nossos “brilhantes” operadores de mercado.
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Do Valor internacional da rede Globo em 15 de outubro de 2019: “Verde Asset’s Pedro Sales says Brazil recession talk is premature”.
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Nada melhor do que contar das sólidas análises dos nossos operadores de mercado, que acham que o Brasil, independente de todo o mundo resistirá solidamente a uma grande recessão!
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Mas deixando de lado a piada brasileira, que estamos nos especializando em criar depois que Bolsonaro e Guedes assumiram a direção do país, vamos aos fatos.
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A crise de 2008 não foi vencida, houve apenas um voo de galinha nos Estados Unidos catapultado por uma redução de impostos de Trump, que não poderá ser repetida pois depois de reduzir não há como reduzir mais sem ter que lançar mão de artifícios monetários e aí é que vem o pior.
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Todas os Bancos Centrais das principais economias internacionais estão trabalhando com taxas de juros praticamente muito próximas a zero ou mesmo negativas em alguns países. Ou seja, a principal política monetária que é usada pelas economias para evitar crises, ou mesmo para recuperar o país de crises, que é baixar a taxa de juros, não tem o mínimo sentido, pois se baixarem ainda mais, o pessoal ganha mais deixando o seu dinheiro debaixo do colchão.
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Mas o verdadeiro problema não está na taxa de juros, ou pior, se mexerem na taxa de juros subindo um pouco mais o seu valor, uma enorme quantidade de empresas denominadas “empresas Zumbis” (são zumbis, porque não conseguem nem pagar os juros dos empréstimos baixíssimos que deveriam pagar.
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Os liberais diriam que as empresas zumbis deveriam falir para dar espaço para as empresas mais produtivas, entretanto a falência destas empresas levará a insolvência de bancos de segunda linha, que emprestam para estas empresas, que por sua vez levará a falência dos bancos de primeira linha, que cobrem os de segunda.
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Além do problema de um risco sistêmico de falência de todo o sistema bancário, há o problema do desemprego. Segundo dados do BIS e de outros grandes bancos privados, o número de empresas zumbis atinge algo em torno de 15% da economia internacional.
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Para quem acha que estou exagerando é só ler a notícia divulgada pela “Reuters” há quatro dias: “IMF heightens warnings on corporate debt following central bank cuts” (traduzindo para não dar trabalho: FMI aumenta alertas sobre dívida corporativa após cortes do banco central), porém o título não parece tão assustador, mas já uma parte do artigo mostra o buraco que estamos: “O FMI alertou que 40% de toda a dívida corporativa nas principais economias poderia ser considerada "em risco" em outra crise global, superando os níveis observados durante a crise financeira de 2008-2009.”.
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Resumo da ópera, com a diminuição das taxas de juros, com a contração esperada na economia, as empresas procurarão novos empréstimos e os bancos só terão duas soluções, emprestar para pagar os juros dos empréstimos anteriores ou simplesmente solicitar a falência.
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De novo, invocando os “fantásticos” liberais, podemos dizer que vão falir um monte de lanchonetes ou empresas de fundo de quintal, porém como escreveu a ousada analista Alexis Christoforous algum tempo (em 19 de Julho de 2019) a IBM é uma empresa zumbi! (“IBM is a 'zombie company': Analyst”).
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Outro problema é que as empresas zumbis são geralmente empresas de setores tradicionais, ou mesmo dentro de setores mais de ponta, são as empresas ditas “laggards” (retardatárias), porém no últimos tempos até as “Leaders”, expressa pelas “FAANGS” (Facebook, Apple e amiguinhas) começam a perder velocidade. Mas mesmo contando com as “FAANGS” o setor das “laggards” e principalmente as zumbis, que como não tem dinheiro ou não já são setores maduros e não conseguem investir (ou não há investimento possível) em modernização e utilizam, devido a isto, muita mão de obra. Em resumo, o estouro deverá ser monumental e além de levar a insolvência de grandes empresas tradicionais, causará um desemprego monumental no mundo.
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Mas por que os liberais e conservadores irão se ferrar com tudo isto? Muito simples, eles estarão no comando das maiores economias do mundo e assim como os governos de tendência de esquerda principalmente da América Latina surfaram na onda das commodities a alto preço, a cava da onda será para os liberais e conservadores.
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E mais, por mais que queiram ter vontade de vender seus países, exceto as grandes máfias internacionais de entorpecentes terão algum dinheiro para investir, e isto mesmo a preço de ocasião.
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(Quanto a qualificação da crise, como a maior das últimas décadas, é outra longa explicação , pois esta pode ser uma das crises derradeiras do capitalismo, mas isto é outra história).

18 outubro 2019

Não era estratégia, era ignorância mesmo!


Durante muito tempo a imensa parte de todo o quadro político, jornalístico e demais pessoas da população, que se preocupam com a política, tentavam avaliar as declarações do atual ocupante da cadeira da presidência da república sob dois pontos de vista. O primeiro que as declarações abjetas e escatológicas do personagem consistiam em uma espécie de cortina de fumaça para permitir a penetração das suas políticas antinacionais e desencontradas com a finalidade de submeter o país ao domínio do Imperialismo Internacional. O segundo ponto de vista era que com a mesma finalidade de submissão ao Imperialismo Internacional, as declarações eram somente produto de uma mente pouco preparada e com uma nula compreensão do fenômeno político.
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Com a atual implosão do seu partido de apoio, o PSL, provocada pela inabilidade absoluta do atual ocupante da cadeira presidencial, ficou patente a todos que o segundo ponto de vista é o que deve ser considerado daqui por diante.
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O personagem em questão, mais parece um inocente fungo que vitimou inúmeros portadores de Síndrome de Deficiência Imunológica (SIDA ou AIDS), pois o corpo do atingido pelo vírus da imunodeficiência humana torna-se tão frágil que fungos oportunistas como a Candida e o Cryptococcus agem sobre o corpo do paciente de forma mais danosa do que num corpo sem imunodeficiência.
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É importante o diagnóstico correto da ação do personagem oportunista que ascendeu ao maior posto da República, pois é possível com isto traçar as possibilidades de ação do mesmo para prejudicar ainda mais o país.
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Parece evidente neste momento que o diagnóstico correto esteja estabelecido, não pelas maldades que estão sendo feitas contra ao tecido nacional, mas sim pela total e incompleta incapacidade do mesmo de ter um plano estratégico para o futuro. Se acompanharmos as votações de projetos como os da previdência e ações como retirar os privilégios de país em desenvolvimento da OMC ou ainda a entrega da base de foguetes de Alcântara para os norte-americanos e o petróleo do pré-sal as multinacionais destruindo a Petrobrás, em todos os casos podemos vislumbrar por trás de tudo isto as mãos de Paulo Guedes, de Rodrigo Maia, das organizações Globo e outros elementos antinacionais movimentando os cordéis de seus interesses nada republicanos.
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Em resumo, podemos dizer que a famiglia, mais afeita a ações vinculadas ao baixo crime do que as grandes negociatas internacionais, procura no submundo mais insignificante as suas vitórias e seu controle. O mesmo trajeto que faz na política do baixo clero, eles procuram a sustentação armada não nos altos escalões das forças armadas, que no momento estão apoiando-o mais por conveniências pessoais do que por uma estratégia política.
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Este vínculo com as baixas patentes das forças armadas e polícia militar foram longamente obtidos através de uma militância sindical que o então eterno deputado federal conseguiu com promessas que nunca foram levadas a diante pelo representante no congresso, mas deu um sentimento de poder aos baixos escalões tanto das forças armada como da polícia militar.
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Porém este vínculo também começará a ser perdido à medida que o executivo não promover melhoras nas condições salariais e outras. O problema maior será para os altos escalões de ambas as corporações armadas, pois um verdadeiro espírito de insubmissão tomará conta de organizações que são tradicionalmente hierarquizadas e onde a disciplina é um dos pilares de sustentação. Isso está sendo levianamente encarado por toda a hierarquia superior, que se encanta com discursos contra a esquerda, que animam os sonhos dos mais engajados na ideologia amplamente apojada por longo tempo, mas não colocam mais comida no prato.
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A melhor conclusão de tudo isto é que a hora da oposição de fato entrar realmente em campo, não manejando folhinhas de papel nas casas legislativas, mas sim indo na direção de seus eleitores do passado, pois não há nenhuma estratégia maligna por trás de toda esta confusão.

16 outubro 2019

A corrida na direção do poder real começou.


O resultado do que virá ocorrer nas próximas semanas definirão os destinos da próxima década do país, entretanto o que se vê claramente é que ninguém sabe com quem estão as cartas, quem blefa ou quem tem realmente o melhor jogo.
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A extrema direita incluindo o que alguns chamam de direita, mas que na verdade é a mesma extrema direita que sabe comer com talheres, estão procurando verificar suas forças e de forma totalmente improvisada pretendem partir para um governo Totalitário.
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O conceito de governo Totalitário foi desgastado e utilizado incorretamente pela intelectualidade de baixo nível de escolaridade política e conhecimento da história, confundindo governos de força ou governos ditatoriais com o que se entende por um Estado Totalitário.
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Vamos primeiro a caracterização do que é um governo Totalitário e com isto podemos entender o problema do apoio deste tipo de governo por grande parte da grande burguesia que se acomoda muito bem em governos ditatoriais, mas fica totalmente desconfortável em Estados Totalitários.
Mussolini foi quem definiu mais claramente o que é um Estado Totalitário: “Tudo no Estado, nada contra o Estado, e nada fora do Estado.” Ou seja, há claramente uma contradição com o liberalismo ou o neoliberalismo (tomando uma definição de uma direita liberal, ditatorial ou não). Ou seja, um regime neoliberal na teoria comporta facilmente um Estado ditatorial, entretanto não comporta um regime totalitário, simplesmente porque neste último o Estado fica sob o controle da economia de forma total.
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Vamos explicar melhor o que venha a ser um Estado Totalitário. Toda e qualquer ação num Estado Totalitário fica sobre o controle de um só partido único gerido por um chefe absoluto. Hitler, Mussolini, Franco e Salazar, montaram Estados Totalitários, onde a atividade política partidária fica restrita a um só partido que este por sua vez é chefiado por um só Líder. Deste partido ficam sujeitos todos os poderes, o legislativo e o judiciário. A ação do executivo fica sem um único controle, no início dos Estados Totalitários sempre a Grande Burguesia controla a Economia e através do partido único os movimentos operários, logo aparentemente é um excelente negócio. Entretanto pelo domínio do Líder no partido único, sendo retirado qualquer outra agremiação política do país, a direção desta política econômica será feita ao sabor do Líder, que quando assume seus poderes reais em 100% dos casos da história ou leva o país a guerra (Alemanha e Itália) ou leva o país a estagnação econômica (Portugal e Espanha).
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Confundem muitos intelectuais o governo pós 64 com um Estado Totalitário, entretanto isto é um erro fantástico que polui a discussão política e gera mais confusão desde a esquerda revolucionária até a extrema direita, passando pelos partidos e tendências centristas. O golpe de 1964 levou o país a um regime ditatorial que nunca procurou criar um regime totalitário, isto não quer dizer que dentro deste governo não existiam os chamados “linhas-duras” que estes mesmos sonhavam com um totalitarismo real.
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A pergunta que talvez seja uma resposta a situação atual é por que nos governos pós 64 jamais se passou a um regime totalitário? A resposta é um pouco complexa, quanto mais próximo a um Estado Totalitário, mais próximo da falência deste regime. Alguém poderia dizer que tanto o Nazismo como o Fascismo Italiano tiveram uma duração longa e estável, porém se analisarmos a luz de acontecimentos reais e as diversas fases que houve nestes regimes, as duas afirmações não se sustentam.
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O Fascismo Italiano, na realidade tinha um controle que estava em mãos da grande burguesia que poucos se dão conta de sua existência, mas que foi utilizado pela grande burguesia industrial Italiana quando viram que não poderiam seguir adiante, o Rei, uma figurinha fraca e isolada que parecia não ter nenhum poder. Poucos se lembram que quando os militares italianos se deram conta em 25 de julho de 1943 que a guerra estava perdida, Mussolini foi comunicado pelo Rei que ele estava fora, e o chamado Estado Totalitário é concluído em abril de 1926 com o fechamento de todos os partidos, exceto o Fascista e fim de toda a imprensa de oposição.
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Entre 1926 e 1943 que este período não é absoluto, pois a partir de 1935 (nove anos após a implantação do Estado Totalitário) a Itália se mantém em guerra (1935-1936 Segunda Guerra Ítalo-Etíope, 1938 Invasão da Albânia e 1940-1941 Invasão da Grécia, 1940-1943 Segunda Guerra Mundial).
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Ainda é importante destacar, que os Estados Totalitários, exemplos Alemanha Nazista e Itália Fascista, são altamente deficitários. Germà Bel, um economista catalão descreve nos seus trabalhos “From Public to Private: Privatization in 1920's Fascist Italy” e “Against the mainstream: Nazi privatization in 1930s Germany”, que diferentemente dos governos conservadores ou liberais europeus, supriram parte de seus déficits públicos (em torno de 1,4% ao ano) por programas de privatizações agressivos. Quando estes déficits superaram a capacidade de ser coberto pelas privatizações, socializou-se o prejuízo de novo, com, por exemplo, a instituição na Itália dos chamados instituti ou enti nazionali, para em 1939 o Istituto per la Ricostruzione Industriale (IRI) controlava 20% da indústria italiana, principalmente a indústria voltada a guerra, onde a participação em determinados setores (siderúrgico e indústria naval) era quase 70%.
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Poderíamos dizer que Paulo Guedes está seguindo em parte a política dos fascistas italianos e alemães, porém o “em parte” coloca a situação brasileira em piores condições do que os economistas fascistas de raiz fizeram, a privatização na Itália e na Alemanha era feita para os grandes capitais nacionais de cada país, e a brasileira, como está internacionalizando os passivos nacionais, estes criarão um fluxo de capital que piorará as contas públicas muito pior do que as durante a crise de 1930 na Itália e na Alemanha, pois não serão passivos a serem retomados, mas sim a serem indenizados com recursos que não teremos.
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Por outro lado, há um problema sério na tentativa de instalação de um governo Totalitário, é a necessidade de uma base militante e motivada ou economicamente ou ideologicamente. Há uma confusão na esquerda em dizer que a ideologia fascista não tem ideologia, a ideologia fascista e completamente falsa e mentirosa, pois se propõe a algo que nunca está com vontade de cumprir, mas ela existe. Insisto na existência de uma ideologia fascista, pois muitos não entendem como o fascismo tem base social enquanto NÃO ASSUME O PODER ou por períodos extremamente curtos, esta base assente por discursos racistas, chauvinistas ou até religiosos (os mais perigosos e mais duradores) são efêmeros pois eles partem de um discurso de unidade contra um inimigo comum, de raça, religião ou a ameaça estrangeira. Porém estes discursos falaciosos só podem ser utilizados quando há uma homogeneidade nestes aspectos, coisa que será difícil de forjar num país em que sua característica é de extrema heterogeneidade.
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A implantação de um Estado Totalitário, motivado pelo antissocialismo ou por motivos econômicos (a espera que o governo Totalitário levará melhores condições para seu adeptos, não é uma motivação nada duradora, pois com a repressão da esquerda como a motivação econômica que deverá acompanha-la, será perdida a sua base social, que se desmontará rapidamente na medida que as condições econômicas não melhoram.
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Mas só para fechar o comentário sobre as perspectivas positivas ou negativas de um aprofundamento da política atual, lembro a todos que no meio deste torvelinho de idas e vindas da direita brasileira, o que ninguém está levando em conta é a aproximação de uma crise econômica internacional que vem sendo diagnosticada não por economistas socialistas ou marxistas, mas sim por economistas ligados aos grandes bancos privados internacionais e organizações tipo FMI, Banco Mundial e BIS. Uma crise que se avizinha tão ou até mais grave do que a crise de 1929 e que simplesmente causará uma mudança em toda a organização econômica e política mundial.

09 outubro 2019

Mais um programa a lá Abraham Weintraub



Como diz o ditado, de onde não se espera grande coisa, aí mesmo que não sai nada.
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O ministro do Dançando na Chuva, lança um arrojado programa de milhões de vagas que deverão ser supridas pelas Universidades Privadas a custa dos próprios alunos, com um detalhe, lança um programa em que o próprio nem está escrito como ele será.
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Coloca uma série de palavras como “Gestão e Resultados”, “Articulação e Fortalecimento” e “Inovação e Empreendedorismo”, além destas palavras e um papo que mais parece uma palestra de motivação profissional quando se procura na página do MEC o que significa e como será processado na prática esses itens ao se clicar nos hyperlinks aparece mensagens como “Ooops… Erro 404 Desculpe, mas a página que você está procurando não existe”, ou também retorna-se a página que estava o link quando não aparece uma propaganda da empresa contratada pelo Ministro que está fazendo a página.
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O programa é tão furado que quanto se procura a normalização do mesmo está escrito “Para tanto, o Ministério da Educação publicou a Portaria nº xx, de xx de setembro de 2019 (inserir o número da portaria que será publicada)....”. Ou seja, a empresa que foi contratada recebeu a mensagem “inserir o número da portaria que será publicada” e remete a normalização a portatia xx de xx de setembro que deveria ser publicada em setembro e em outubro parece que ela ainda não existe.
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Além de toda a incompetência tanto do ministro como da sua equipe e contratados, temos que entender o que é este programa, e para entendê-lo não é necessária muita imaginação, é só estar atualizado com as picaretagens dos cursos técnicos das universidades privadas de terceira linha, pois então vamos a realidade.
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Nos últimos anos as universidades privadas estão lançando uma série de cursos sem pé nem cabeça, que “(de)formam” milhares de técnicos de nível superior que são feitos na base de cuspe e giz, ou seja, um curso técnico de nível superior, feito da forma correta, tem que necessariamente ter laboratórios dos mais diversos tipos e professores treinados em cada área. O que as universidades “privadas”, o nome privada serve também neste caso para referir um equipamento empregado nos banheiros e a proximidade dos dois sentidos não está muito longe. Bem estes cursos na sua imensa maioria não tem a mínima infraestrutura de laboratórios e os professores saltam de uma disciplina a outra conforme a necessidade das “empresas privadas de ensino” e quando começam a ganhar mais experiência são substituídos por mais novos, inexperientes e mais baratos.
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Além de tudo isto, há uma previsão do ensino a distância, que mostra a irresponsabilidade do programa, pois as aulas “práticas” são substituídas por simulações enviadas pelos professores que não dão a mínima experiência profissional.
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O programa do MEC esconde uma nova picaretagem, a atualização do “Catálogo Nacional de Cursos Técnicos”. O que está previsto para isto? Simplesmente a aceitação de nomes criativos e atrativos de cursos técnicos que serão verdadeiras ratoeiras para os infelizes que ficarem seduzidos pelo nome e pela propaganda das “empresas de ensino”.
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Para dar uma ideia como a sugestão de picaretagem vai longe, na propaganda do programa do MEC aparece por exemplo a seguinte frase “Destacam-se, nas previsões desse estudo, funções significativamente baseadas no uso de tecnologias digitais, tais como aquelas relacionadas a inteligência artificial e aprendizagem de máquina, big data, automação de processos, segurança da informação, experiência do usuário, design de interação homem-máquina, robótica, entre outras.” Imaginem o aluno formado a distância em inteligência artificial ou design de interação homem-máquina ou ainda robótica, num cursinho de baixo custo a distância sem laboratório e sem professores que realmente entendam do assunto.
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Realmente, da cabeça de um ministro que tem se notabilizado em apresentações patéticas na Internet escrevendo no Twitter coisas sem a mínima noção, realmente o que pode sair é o que se encontra nas privadas.

07 outubro 2019

A Natureza odeia o vácuo. Trump e Bolsonaro não caíram ainda porque criam um vácuo.



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Qual a analogia da situação de Trump e de Bolsonaro? Os mais apressados vão dizer que os dois levam a uma política que namora fortemente ao fascismo, o que é verdade, mas no caso do presidente norte-americano as críticas e lutas de sua oposição do partido Democrata não está baseada neste fato.
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A grande preocupação dos setores dentro do establishment norte-americano e brasileiro é no desarranjo econômico que tanto um como o outro temem com a presença destes dois governantes, mas não é quanto as propostas que os mesmos tem de reforma dos poderes do capitalismo dentro de cada país, mas sim da natureza da contrarreforma que pode surgir tanto em um como em outro país. No momento em que Trump sentiu-se ameaçado por seus rivais democratas ele agiu estrategicamente colocando um impasse na contrarreforma proposta pelos seus rivais. Mas vamos analisar melhor o caso norte-americano para entendermos melhor o problema.
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Trump desde o início de seu governo vinha sendo ameaçado por um processo de impeachment, razões como a sua provável sonegação de impostos que ele sempre fez seria a solução Al Capone de derrubada de Trump, ou seja, exigir suas declarações de imposto de renda e a análise das mesmas, faria o mesmo que o governo norte-americano fez com o famigerado líder da máfia, prendê-lo por sonegação de impostos.
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Além deste procedimento poderiam ser achados outros motivos, entretanto já pensando no pós-impeachment os democratas que dominam este partido viram que com a derrubada de Trump criar-se-ia um vácuo político que no início do governo seria ocupado pela “esquerda” democrática representada pelo senador Sanders, que diferentemente do que Trump causaria um abalo mais profundo do establishment norte-americano que seria extremamente difícil de corrigir o seu rumo.
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No início da campanha eleitoral norte-americana surgiu com força o ex-vice-presidente Joe Biden, alguém que é ligado a política conservadora do partido democrata e a indústria militar, ou seja, uma oposição palatável a todos os horrores que produziu os governos Barack Obama, ou seja, o mesmo de sempre.
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Trump como é um político nato, simplesmente bateu exatamente na base que o substituiria no caso de uma próxima eleição, mostrou claramente que este político através de seu filho levou a política intervencionista norte-americana à sua origem.
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Agora qual o problema dos democratas, privados de um substituto a Trump que agradaria a todos do establishment, sobrando na campanha a senadora democrata Elizabeth Warren que é tida pelos norte-americanos (principalmente pela grande imprensa) como uma “progressista”, porém uma progressista que foi contra a vontade de Trump de retirar as tropas invasoras do país tanto da Síria como do Afeganistão, pois deveriam consultar os seus “aliados” também invasores.
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Devido a fragilidade eleitoral de Warren que vem sendo sustentada mais pela imprensa norte-americana do que outra coisa, ela pode numa disputa direta com Sanders perder as fajutas e eternamente fraudadas primárias, onde alguns milhões de eleitores do partido democrata desaparecem das listas eleitorais ou sofrem outros tipos de fraudes. Porém como Sanders apreendeu um pouco na sua última campanha provavelmente a fraude diminuirá.
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Em resumo, sem Joe Biden na campanha, desgastado por uma série bem grande de escândalos, a incerteza volta a campanha eleitoral e até pode haver o surpreendente resultado de ser indicado um candidato que a maioria do eleitorado democrata deseja, algo meio surpreendente no sistema eleitoral norte-americano e que ocorre de tempos em tempos. Falando com outras palavras, criando-se um vácuo pelo desgaste político de Trump e de Joe Biden a chance de haver surpresas crescem na campanha eleitoral norte-americana.
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Agora voltando ao nosso país, Bolsonaro, diferentemente de Trump, é de uma fragilidade imensa em termos eleitorais e até em termos de se manter na presidência até o fim do mandato, caso fosse vontade de prosperar um processo convencional de derrubada de presidentes, ou seja, um processo de impeachment, dezenas de razões poderiam ser elencadas, porém da mesma forma que Trump cria-se um vácuo.
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Bolsonaro sendo derrubado, de uma forma “legal” ou simplesmente levado a renúncia ou mesmo derrubado pelo povo (a saída mais democrática), o vácuo nunca será ocupado por seu vice que de popularidade nem para síndico de prédio se elegeria, com isto a única opção lógica para a sua substituição é o ex-presidente Lula. Este com algumas semanas de campanha eleitoral arrebataria o cargo com folga no primeiro turno, porém Lula é o candidato detestado pelo grande capital, pois seu espírito de composição com a direita deve ter ido pelo esgoto no momento que ele entendeu na pele o que o Imperialismo quer com ele.
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Desta forma Bolsonaro por mais bobagens que faça e que diga, continuará na sua posição enquanto não acharem um candidato como o Joe Biden era, porém como a base do Partido dos Trabalhadores está sentindo na pele o que representa a atual política governamental, não aceitará composições pela cabeça e pactos dos mais diversos tipos para que tudo permaneça como está.
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A direita procura desesperadamente seu representante que substitua Bolsonaro, mas devido a invasão política de um bando de acéfalos do PSL, que pouco a pouco vão migrando para climas mais agradáveis e levando com eles todo o cheiro desagradável dos seus passados.
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Artistas globais, são ventilados para o cargo, Lenins Moreno na “esquerda” aparecem na mídia e são incensados por ela, mas não deslancham, os governadores da oposição, que poderiam num ato de desespero serem cooptados para posar de uma esquerda comportada, estão sendo tão comportados que deixam um rastro de medidas antipopulares e antinacionalistas que numa campanha seriam desmistificados até por um “Cabo Daciolo” derrubaria qualquer pretensão destes “esquerdistas” tipo Lenin Moreno.
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No momento Lula está preso e ficará preso enquanto não acharem alguém que possa participar de alguma nova fraude eleitoral, pois Bolsonaro cria um vácuo e a natureza odeia o vácuo.

28 setembro 2019

Cuidado com a exposição nas redes sociais. Exemplo do JANOT.


A perda do pudor pelo uso intensivo da Internet dentro de suas bolhas leva a mudanças nos padrões sociais e políticos.
Hoje fomos surpreendidos pela revelação pública que um dos teoricamente responsáveis pela lei no Brasil, o Procurador Geral da República, por motivos fúteis, foi armado até o Supremo Tribunal Federal para assassinar um dos Ministros da Suprema Corte e posteriormente suicidar-se.

Se é verdade ou não a afirmação do desejo de um do representante dos cargos mais importantes da justiça brasileira é uma coisa irrelevante, se pensarmos em todos os crimes políticos ou mesmo passionais que ocorreram no Brasil e no resto do mundo, a declaração também não tem o mínimo impacto, porém se pensarmos que a publicidade que um ex-procurador geral da República dá aos seus instintos de homicida e de suicida temos que refletir sobre o que ocorre nos dias de hoje.

Ao meu juízo, vejo somente que comportamentos que há séculos se via em crianças ou mesmo há dez ou mais anos se via em adolescentes que chegaram a se suicidar on-line ou de psicopatas que gravam vídeos indicando que matarão pessoas para depois mata-los, podemos dizer que os freios morais e o pudor de revelar seus piores instintos chegaram ao ponto de infantilizar os adultos, tanto os de baixo nível intelectual, como o do ocupante da cadeira da Presidência da República como de pessoas que teoricamente passaram por crivos de concursos públicos, que teoricamente teriam que ser pessoas adultas e equilibradas.

Crimes políticos tanto ou muito mais escandalosos já foram executados por pessoas físicas ou Estados, porém estes crimes jamais eram reconhecidos como tal e alguns Estados negaram durante décadas ou mesmo continuam negando por séculos até que algum pesquisador ache no meio de um lixo de papeis ache provas irrefutáveis dos crimes do passado.
Essa mudança de comportamento do pudor das pessoas e dos Estados, começa a cair a tal ponto do presidente norte-americano declarar numa rede social iria bombardear um país, ação esta que teria fortes chances de degenerar um conflito a nível planetário que teria milhões (ou mesmo bilhões) de mortes.

Não podemos esquecer que os suicídios publicitados e apresentados on-line começaram a ser feito por adolescentes ou jovens adultos há mais ou menos dez anos, ou seja, pessoas que na época tinham em torno de vinte anos e CURTIRAM estes fatos deploráveis são “adultos” de trinta anos nos dias de hoje.

Porém não são somente os jovens que estão se desnudando ao máximo declarando em público os seus instintos mais básicos e negativos nas redes sociais e em qualquer divulgação pública, como a imprensa escrita e outras mídias mais tradicionais. Senhores e senhoras de idade avançada também entraram na direção da completa perda de pudor. As mídias como TV e rádio, que a cinquenta anos na época da semana santa não colocavam música profana no ar em respeito a uma religiosidade, que poderia ser cínica e falsa, era respeitado pelos produtores das emissoras. Estes comportamentos pudicos e extremamente cínicos eram feitos devido ao medo da reação de parte do público, fiel ou falsamente fiel. Porém as mesmas emissoras permitem que alguém chegue ao limite de declarar em público que uma menina de dezesseis anos está fazendo determinada coisa simplesmente por falta de sexo.

O fenômeno de deterioração do pudor talvez possa ser explicado pelo uso das chamadas redes sociais em que num primeiro momento as pessoas publicam todos as suas compulsões e seus desejos mais básicos primeiro para uma pequena bolha de que são chamados os “amigos”, como um sinônimo de status social tanto para adolescentes impúberes até para velhos “ligados na moderna Internet” é o número de “amigos”, logo o limite entre os antigos confidentes do passado que ouviam diretamente estes sentimentos básicos e despudorados é ampliado para uma imensa quantidade de “seguidores”, ou seja, há um sentimento de empoderamento (palavra nova na língua corrente) dos que possuem milhares ou mesmo milhões de seguidores.

Outro problema é a diferença entre aqueles que vivem do seu número de “seguidores”, “amigos” ou mesmo inscritos nas suas redes sociais e as tratam profissionalmente como uma fonte de renda e de sustento. A não profissionalização destes “profissionais marrons” das redes sociais, confundindo a profissionalização com o amadorismo, geralmente levam os mesmos a crises de depressão e mais outros problemas psicológicos. Aqueles que tratam profissionalmente as redes sociais como fonte de renda, e teriam uma superexposição podem fugir destes problemas selecionando o que é trabalho profissional do que é expressão de seus sentimentos sem filtro. O pior de tudo ocorre com aqueles que não tem o hábito de publicar em redes sociais como trabalho, mas publicam nestas o seu trabalho e seus sentimentos, ou seja, é o inverso da profissionalização da divulgação pública de o que querem que seja divulgado por interesse profissional e o que por compulsão publicam seus pensamentos.

A distância entre a publicidade profissional e o desnudamento sem pudor é tênue e sutil, e à medida que se perde o referencial de onde termina um e começa o outro, os horrores dos velados crimes do passado, são explicitados sem pudor.

25 setembro 2019

O Brasil não está passando vergonha, é à direita internacional que está sendo desnudada.


Muitas pessoas estão se sentindo envergonhadas pelas dezenas, ou talvez chegue a centenas, de micos que Bolsonaro esboça nos seus discursos, porém as falas desavergonhadas do atual ocupante da cadeira da presidência não fazem o Brasil passar vergonha, faz sim que uma grande parte da direita internacional se coloque na defensiva.
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Bolsonaro e seus asseclas na sua ignorância e inabilidade de construir um discurso aparentemente civilizado que justifique os horrores que são cometidos por todos os países imperialistas, que interferem diretamente na política do resto do mundo, depondo governantes que não seguem as suas vontades e colocando no seu lugar verdadeiros monstros, são os maiores alvos dos horrores que Bolsonaro sempre disse e continua dizendo.
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Prender, torturar e matar opositores políticos é uma tônica da história que começa com o colonialismo para evoluir para os Estados dependentes dos dias atuais. Tivemos, por exemplo. o ditador sanguinário e ladrão Pinochet, também tivemos outro ditador com características como a Pinochet mas ainda com a violência da pedofilia com assassinato do Strossner, exemplos que se multiplicam ao longo da Terra, porém como Pinochet era mais dissimulado e somente após sua morte se descobriu que era um grande ladrão, a justificativa ideológica de combater a esquerda justificava a morte dos opositores e escondia mal e porcamente as torturas nos mesmos opositores.
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Todos estes crimes eram e ainda são encobertos pelos países imperiais, porém certamente todos dos “dignitários” destes países sabiam e nem ficavam vermelhos de vergonha em apoiar estes verdadeiros não representantes da humanidade.
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Bolsonaro diz claramente que apoia a tortura, que os seus opositores deveriam ser mortos sem julgamento, que os índios não merecem suas terras, que a população que estiver por acaso a frente de um tiro de um policial é culpada por estar naquele espaço físico na hora errada, mesmo que sejam crianças, e daí por diante.
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O atual ocupante do cargo de presidente não esconde a sua aprovação de nenhuma das ações que sempre foram feitas e que após o iluminismo ficou meio chato e inconveniente defender tais ideias, em resumo, por mais horrível que possa parecer, o que não podemos acusar Bolsonaro é de dissimulação e não dizer o que ele pensa.
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Vamos lembrar um elegante assassino genocida que ainda tem estátuas em seu país, o Rei Leopoldo II da Bélgica. Durante a Conferência de Berlin de 1885, habilmente este facínora consegue que uma parte imensa e riquíssima da África passe a seu domínio pessoal (não do Belgas, mas do rei) e de 1885 à 1908 ele cria o chamado “Estado Independente do Congo”, que mais propriamente poderia ser chamado “Estado “demonicida” do Rei Leopoldo II da Bélgica”. Poucas pessoas sabem deste Estado, mas só para resumir, durante o governo do Rei Leopoldo 1/3 da população do Congo morreu (aproximadamente 10 milhões de pessoas), fora os milhares de mutilados que tinham suas mãos e/ou pés cortados quando não produziam borracha suficiente para seus senhores brancos.
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Dezenas de historiadores Belgas defendem seu rei, dizendo que o mesmo nem sabia dos crimes que eram cometidos em seu nome, porém também dezenas de missionários, embaixadores, jornalistas relataram atrocidades que até colonialistas ingleses achavam incompatíveis com a exploração racional da riqueza de um país, nomes famosos da literatura como Mark Twain e Arthur Conan Doyle chegaram a escrever livros denunciando os crimes do Rei Leopoldo, porém até a sua morte em 1909 o Rei fez a famosa cara de paisagem e ignorou as dez milhões de mortes que serviram para o seu enriquecimento pessoal.
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Poderia falar sobre o show de horrores que aconteceu e ainda acontece na história da humanidade nos últimos 150 anos, que provariam o cinismo e dissimulação de personagens e governos sobre os milhões de mortes, seções de tortura e mutilações que foram feitos contra os mais fracos (poderia incluir as esterilizações em massa promovidas em pleno século XX pelas famosas e decantadas democracias nórdicas.
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Qual a diferença de Bolsonaro para Leopoldo II da Bélgica, só uma, um deseja e permite a morte e fala claramente de seus desejos, por mais sujos que sejam e outro escondeu atrás de um faixada de nobreza os crimes que cometeram em seu nome e a seu mando.
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No fundo poderíamos dizer, numa linguagem bem bolsonariana, que Bolsonaro é como os cães, quando faz suas necessidades não pensa em encobri-las, já os “dignitários” do Império são como os gatos, fazem as mesmas necessidades, mas procuram escondê-las jogando terra em cima.

17 setembro 2019

Qual a razão de chamar atenção de um atentado contra Bolsonaro!



Algo que está ficando claro na política nacional é que a popularidade do governo Bolsonaro está em queda livre e é possível se dar conta que não há nenhuma solução para aparar a queda do governo. O motivo não são as bobagens que Bolsonaro diz nos seus pronunciamentos, pois essas são consideradas como algo folclórico e mais inócuos e neutros quanto ao fator mais importante na sustentação de qualquer governo, a economia.
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Nos Estados Unidos, sendo um país muito mais sensível a posições escatológicas de seus governantes, Trump periodicamente emite opiniões politicamente incorretas que são combatidas por todo o mainstream mediático desde os grandes jornais as emissoras de TV, exceto a Fox News, porém como a economia norte-americana até o início de 2019 dava aparente sinais de recuperação, havendo uma diminuição de desemprego real que ainda não chegou ao ponto de haver uma recuperação dos salários anteriores a crise de 2008.
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No Brasil a situação é completamente inversa, a economia está simplesmente não dando o mínimo resultado e cada vez mais economistas que são liberais e ligados ao grande capital estão dizendo algo que seria considerado um disparate quando falado por eles mesmo.
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As opções de política internacional de aliança incondicional com os Estados Unidos e Israel, isola o país de todos os países que os parceiros que produzem superávit na nossa balança, no caso de um conflito com o Irã, ou mesmo sem este cenário mais traumático, levará uma crise nas exportações sem que os USA abra qualquer mercado ao país e Israel por ter um consumo de produtos brasileiros extremamente limitado resultará numa queda maior da economia.
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Da mesma forma, num cenário recessivo internacional, que está sendo previsto pelos grandes banqueiros do mundo, pegará toda a economia brasileiras de calça na mão, sem mercado interno, pagando para que refinem o nosso petróleo e mande como óleo diesel e gasolina, muitas vezes mais cara do que o barril de petróleo que deu origem a estes combustíveis, pagando em dólar a compra de aviões da Embraer e ainda o mais notável, pagando royalties para a energia elétrica produzida pelas nossas barragens que já tiveram todo o investimento já amortizado e estão funcionando a décadas.
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A partir de todas estas considerações e mais algumas dezenas que poderia colocar na lista, a situação econômica no fim do ano e em 2020 tende a se deteriorar ainda mais, tornando as condições de vida de 95% da população brasileira insuportáveis. Com tudo isto a popularidade real de Bolsonaro cairá em torno dos famosos 8% que por muitos é considerado um limite de sustentabilidade do governo.
Fazer um processo de Impeachment de Bolsonaro, que já tem vários motivos para ser feito, levará Mourão ao poder que será considerado uma continuidade do desastre, logo nem os 8% ele terá. Uma anulação das eleições será impossível, salvo que imensas massas saiam as ruas. Qual seria a forma mais safada de sair desta crise de governabilidade? Um atentado a vida de Bolsonaro, mas desta vez exitoso.
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Mas qual seria a vantagem? Simples, criaria um verdadeiro caos nacional e se poderia jogar nas costas da esquerda esta ação. Com o tumulto se jogaria não só o atentado nas costas da esquerda, mas também se lançaria nas mesmas costas largas a crise econômica, apesar de tanto uma como a outra hipótese serem totalmente absurdas, porém, assim como o Incêndio do Reichstag em 27 de fevereiro de 1933 que serviu para Hitler fechar completamente o regime e iniciar o horror que foi o nazismo até 1945, dando o poder absoluto para o Führer.
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Esta hipótese tem dois grandes problemas, quando Hitler assume o poder, a Alemanha já vinha se recuperando da recessão de 1929 e Hitler fez uma política econômica de privatização da economia alemã, com uma enorme diferença do que é a brasileira, esta política favorecia o Capital Alemão e não o Capital Internacional. O segundo problema é que a popularidade de Hitler não estava em baixa, enquanto a de Bolsonaro está, logo um ataque contra o presidente será lido mais como uma benesse para a imensa parte da população do que um crime e o tiro sairá pela culatra.
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Apesar do risco, a insanidade das pessoas que cercam Bolsonaro e a loucura do Guru da Virgínia é imensa, logo não podemos descartar este cenário, pois quanto mais ele for divulgado menor serão as chances de ele ocorrer e para os bolsonaristas de raiz pelo menos o seu líder permanecerá vivo, mesmo que derrubado do governo.
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Acho que Bolsonaro e aqueles que estão mais próximos (emocionalmente, não no governo) preferem que ele seja derrubado sem sua morte do que um avião ou um helicóptero sendo derrubado com ele dentro! E apesar de eu não ter nenhuma proximidade do atual presidente da república prefiro a derrubada no sentido figurado e não literal.

16 setembro 2019

Cuidado Bolsonaro, o verdadeiro Führer está na Virgínia!

A lógica da ascensão dos governos fascistas de raiz, o italiano e o alemão, sempre foi de montar milícias paramilitares e quando os governos democráticos da época estavam fracos, mesmo com minoria parlamentar e com menos de 1/3 do apoio da população assumiam o poder através de um estratagema parlamentar (legal) tomavam o poder para rapidamente colocar na ilegalidade todos os movimentos políticos que não fossem os vinculados ao poder dos partidos fascista e nazista.
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Em todas as análises políticas da situação nos últimos quatro anos, sempre ressaltei que este tipo de tomada do poder passaria obrigatoriamente pela constituição de milícias e para que essas permitissem a chegada do poder de um regime de dominação integral, como o fascismo italiano e o nazismo alemão.
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No caso brasileiro fica claro que o que chamamos de milícias são grupos criminosos que podem ter importância local, mas devido a origem dos mesmos, não há um comando central e disciplinado, logo é impróprio para dar golpes, pois não contam com o apoio da elite do poder que tem seus próprios esquemas de jagunços ou mesmo apoio de tropas militares ou de polícias militares.
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Esta atipicidade da situação brasileira impede não só a formação progressiva de um estado classicamente totalitário de partido único, como falha em outros pontos quanto ao líder escolhido.
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Muitos intelectuais de várias famílias, desde a esquerda até mesmo a direita, passam a vida a repetir que os governos fascistas são absurdos democráticos que contrariam o liberalismo econômico pregado pelos partidos que abertamente professam esta fé. Tanto Mussolini e principalmente Hitler são tratados como monstros que simplesmente não são enquadrados como humanos e muito menos as capacidades intelectuais dos mesmos foi e ainda é subestimada, porém numa análise clara e não com viés moral da história se verifica que Mussolini foi um forte ideólogo do movimento fascista internacional que sabia escrever, discursar para as massas e inebria-las com seus discursos, obtendo durante um período da história do fascismo italiano apoio de amplos setores da população. Da mesma forma Hitler com sua obra única, Mein Kampf, conseguiu atrair para o nazismo boa parte da população alemã manejando habilmente conceitos como o anticomunismo, a supremacia da “raça ariana”, o ódio as minorias como judeus, ciganos e outras, que muitos estavam presentes no pensamento alemão da época. Ou seja, não dar os créditos de uma habilidade intelectual e retórica totalmente falaciosa aos escritos e discursos destes dois líderes é simplesmente tapar o sol com a peneira. Se compararmos Bolsonaro tanto com Hitler como principalmente Mussolini ele é um verdadeiro anão intelectual, ou seja, uma figura caricatural tanto do Führer como do Duce.
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Agora voltando ao caso brasileiro, a atual conclamação do Guru da família Bolsonaro, a criação de um organização miliciana para apoiar incondicionalmente o atual ocupante da cadeira da presidência, após que este está já no poder, pode parecer completamente anacrônica, pois como se viu nos casos tradicionais Italiano e Alemão, depois do Duce e do Führer assumirem o poder, estas milícias tiveram que ser controladas (a italiana, menos organizada) ou simplesmente executadas a sua cúpula e controlada a base (a alemã, que tinha uma organização militar perfeita, por isto exigiu a execução física de seus líderes) para garantir o apoio necessário das forças armadas e das elites econômicas italianas e alemães.
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Então a formação fora de tempo de milícias bolsonarianas parece um verdadeiro contrassenso, pois criarão problemas com a base de apoio tradicional da direita, inclusive do exército. Porém se fizermos um pequeno giro lógico na história e compreendermos que o Führer verdadeiro não é aquele que ocupa a cadeira de presidente, mas sim outro, por exemplo o astrólogo da Virgínia, é possível criar um cenário imaginário de uma utilidade destas atuais milícias bolsonarianas para o verdadeiro golpe daquele que mais pensa no poder.
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Vamos imaginar o seguinte cenário, através de uma operação de falsa bandeira faz-se um atentado exitoso contra o ocupante da cadeira da presidência. Quem irá aparecer num traumático funeral de um presidente? Provavelmente os filhos do presidente e acompanhando o seu féretro aquele que monta todo o esquema ideológico do atual presidente, ou seja, o astrólogo da Virgínia.
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Com o impacto mediático deste atentado, que seria atribuído a esquerda, se abriria condições para que as milícias bolsonarianas, agora sob o comando direto do guru do grupo começassem a sua função de desordem e de massacre direto da esquerda. Seriam fechados os partidos de esquerda e qualquer coisa que estivesse em oposição ao governo e numa situação de comoção pública exigir-se-ia novas eleições sem nenhuma oposição.
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Feito isto, um dos filhos do falecido presidente, aquele que fosse mais fiel ao Guru, poderia ser eleito e colocando este último como uma espécie de primeiro ministro. Neste momento as milícias bolsonarianas teriam o mesmo destino dos camisas negras ou pardas, a eliminação, e se fecharia o ciclo na direção de um estado totalitário de partido único, e eliminando-se o que mais impede a radicalização à extrema direita do atual governo, a própria presença de um falso líder inábil como o próprio Jair Bolsonaro.

13 setembro 2019

Como a aproximação com a direita polui até o Intercept e este deixa de fazer jornalismo.



O artigo “O PT FOI PRAGMÁTICO PARA CHEGAR AO PODER. MAS SE RECUSA A DAR AS MÃOS NA HORA DE DEFENDER O PAÍS.” É autoexplicativo quanto a decisão correta do PT em evitar de se aproximar da direita golpista como FHC, Anastasia, Partido Novo e outros, pois o próprio artigo mostra claramente que a aproximação com a direita causa danos irreparáveis até no jornalismo do Intercept.
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Vamos mostras o porquê de uma afirmação que pode parecer isolada.
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O Intercept para promover a Vaja a Jato teve que se aproximar perigosamente da imprensa tradicional golpista, a Veja, a FSP e outros órgãos umbilicalmente vinculados ao lava-jatismo e as calúnias contra o PT e o presidente Lula, e por incrível que possa parecer há claros indícios que a reportagem escrita por João Filho se aproxima perigosamente do “modus operante” da imprensa lixo que domina o Mainstream jornalístico brasileiro e de certa forma internacional.
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Primeira coisa que se nota é que não se trata nem de um reportagem e nem assume uma posição de artigo de opinião, é uma falsa mistura de jornalismo com libelo político, começando exatamente pelo começo, pelo título de que poderíamos chamar uma REPORCAGEM, o título assume a posição de que o pragmatismo que o PT teve para atingir o poder, por conveniência foi deixado ao lado na hora de defender o país. Ou seja, um ótimo exemplo de uma mentira de manchete. 
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Por que mentira? Simplesmente porque ele toma a não participação num ato de desagravo a não sei bem o que (induz-se no interior do texto como contra a barbárie – sem definir exatamente a que o que isto se refere), pois o ato foi mais eclético e contraditório do que manifestações das base política de Bolsonaro, sem tocar por princípio em questões chaves da política e sociedade brasileira tais como a liberdade de prisioneiros políticos, o desmonte das leis sociais, o desmonte da aposentadoria e previdência em geral e mais dezenas de outros ataques a soberania e ao estado social brasileiro. A tal manifestação tinha como título “Direitos Já! – Fórum pela Democracia”, ou seja, dois valores intangíveis que em sociedades avançadas são descritos por direitos sociais concretos e não por palavras difusas. Algum manifestante que estivesse lá, poderia perguntar: “Mas quais direitos, cara pálida”. Para dizer a verdade isto seria impossível pois a entrada de quem não tivesse convite foi totalmente proibida, transformando-se um evento de “massa cheirosa”, como bem definiu a jornalista da rede Globo Eliane Cantanhêde, sobre eventos do PSDB.
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Mas a cereja do bolo da REPORCAGEM está na seguinte frase:.......Segundo a jornalista do Estadão, Sonia Racy, “fontes petistas admitiram que o partido fez forte pressão para que Haddad não fosse. Motivo: à sigla não interessa dividir o protagonismo na oposição. E ela não abre mão da bandeira ‘Lula Livre’ na linha de frente do movimento”......
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Esta frase é de dar inveja aos redatores da Folha, Veja, Estadão e outros, pois é a única informação que justifica tanto o título da REPORCAGEM, como toda ela. Ou seja, o fulano disse que beltrano disse que o sicrano falou isto. Tratam o Haddad como fosse um imbecil que se movimenta conforme intimidações do partido não supondo que o mesmo após refletir um pouco se deu conta que era uma “furada”. Talvez o Glenn deveria dar algumas noções sobre o uso de fontes para o jornalista, pois pelo menos ele sabe.
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Mais adiante, atingido pelo vírus do mal jornalismo, o autor para reforçar a sua crítica ao PT utiliza nada mais nada menos do que uma reportagem do Estado de São Paulo, um dos órgãos de imprensa mais conservadores a antipetista que existem no país.
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Culminando a REPORCAGEM vem a seguinte frase:
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“O PT é o maior partido do Brasil. Tem uma forte base social, alcance no país inteiro e, mesmo com a devassa sofrida pelo conluio lavajatista, conseguiu eleger a maior bancada da Câmara. Difícil imaginar um movimento de oposição efetiva ao bolsonarismo sem a participação do partido. Infelizmente, até aqui tudo indica que os seus dirigentes não irão se engajar nessa frente ampla por temer a perda da hegemonia.”
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Ou seja, mais uma vez uma opinião baseada em suposições sem a mínima comprovação fática.
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Cuidado The Intercept, vírus do mal jornalismo é contagioso.

Depois de visitar Lula caiu a ficha de Mélenchon.

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Depois de visitar Lula caiu a ficha de Mélenchon.

Mélenchon, um verdadeiro republicano de esquerda (já devem ter ouvido falar de outros do mesmo tipo por aqui!), depois de passar algumas semanas no México, festejando a vitória do Lopes Obrador, participando de uma série de encontros com uma esquerda mexicana que ainda está feliz para passar depois pela Argentina e lá festejar a provável vitória do kirchnerismo parece que só caiu a sua ficha quando visitou e conversou com Lula.

Há aproximadamente um ano, uma deputada francesa do Front National de direita, para simplesmente chatear os seus opositores (ela mesmo reconheceu publicamente isto) lançou uma denúncia contra 16 deputados franceses na comissão europeia pelo uso indevido de parlamentares para o uso político na política interna francesa. O caso foi examinado pelo parlamento europeu e a própria deputada voltou atrás na sua denúncia porque ela mesmo não imaginava a repercussão que teria.

No fim da campanha de Jean-Luc Mélenchon a presidência da república francesa, os responsáveis pela análise das contas de campanha, o equivalente ao TSE brasileiro, depois se uma série de perguntas ao candidato francês, deu por aceita as contas de campanha sem irregularidades, somente com recomendações. Um dos membros deste “TSE Francês”, por motivos que não se sabe ao certo, que pode ser principalmente um aceto de contas contra o presidente desta comissão de análise levantou uma suspeita sobre as contas de Mélenchon.

Após um procurador, que no caso francês é vinculado ao executivo, mandou fazer uma busca e apreensão na casa de Mélenchon e de diversos membros da equipe, daquela mesma forma que estamos acostumados nas buscas e apreensões da Lava-jato. Na casa de Mélenchon chegaram as 7 horas da manhã com no mínimo uns dez agentes de polícia e reviraram toda a casa do mesmo para procurar ninguém até hoje disse o que.

Da mesma forma, logo após também um número expressivo de policiais foram a sede do grupo político de Mélenchon, La France Insoumise, e entrando remexeram em tudo, retiraram computadores e deixaram todos os deputados do partido entrar durante a busca e apreensão, só barrando exatamente Mélenchon. Após a tentativa de barrar a entrada de Mélenchon, começou um pequeno empurra-empurra que terminou quando os policiais o deixaram entrar.

Este pequeno incidente se transformou num processo e somente após a visita de Mélenchon a Lula que ele numa entrevista pública disse claramente com todas as letras.

- Não confio na justiça.

Demorou, mas caiu a ficha.

Parte da inteligência “progressista” leu o conto de Dickens “A Christmas Carol” e acredita em fantasmas.



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Vários intelectuais de esquerda ou mesmo de centro com uma visão de um capitalismo “produtivista” parece que leram ou assistiram as diversas versões cinematográficas deste famoso Conto de Natal de Charles Dickens, escrito pelo autor simplesmente para pagar uma dívida, terminando estes intelectuais acreditar que fantasmas poderão mudar a burguesia dita “rentista” como ocorreu com o velho e avarento Ebenezer Scrooge foi mudado pelos fantasmas que lhe aparecem no meio da noite transformando-se numa magnífica burguesia “produtivista”.
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Pois bem, no “A Christmas Carol” de Dickens, o avarento Scrooge, segundo o conto transformou-se num avarento devido a problemas na sua juventude e mesmo sendo um velho miserável, um capacho seu, Bob Cratchit lhe adora e valida toda a dominação de um nojento capitalista que no fim é convertido para um simpático não sei o que.
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Então, os nossos intelectuais progressistas acreditam mais na lógica de Dickens do que na lógica do mercado, pois acreditam que um fantasma, no caso seriam a vontade de produzir para criar empregos e levar alegria a sociedade capitalista.
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Se fossemos interpretar filosoficamente esta compulsão a ser um rentista ou um produtivista estaríamos exatamente na dialética Hegeliana, onde a vontade ou espírito (Geist) que muda a realidade física, ou seja, um capitalista acorda pela manhã e pensa:
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- Por que estou somente ganhando dinheiro sem precisar trabalhar?
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Neste ponto vem a iluminação divina e ele pensa de novo:
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- Não poderia utilizar o meu dinheiro para ganhar mais dinheiro e produzir empregos e felicidade para todos?
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Claramente parece o dia da véspera do Natal de Scrooge que após ter sido assombrado pelos espíritos do Natal, resolve modificar a sua vida e deixar de ser um avarento. Em 1843, antes do manifesto comunista que foi publicado pela primeira vez em 1848, Dickens escreve o seu “Conto de Natal” e por ser um crítico da sociedade vitoriana mas não um político, um sociólogo ou um economista não tinha a mínima obrigação de abandonar uma visão idealista de se vencer a miséria ou a falta de produção fora desta proposta Hegeliana. Ou seja, não tendo a dialética materialista e os trabalhos de Engels e Marx, não haveria com Dickens pensar outra coisa além do Idealismo de Hegel.
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Poderíamos dizer que o Sr. Scrooge após o vislumbre de sua avareza e quanto mal fazia ao seu empregado, poderia pensar como um capitalista rentista brasileiro na opção de se transformar num capitalista produtivista:
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- Como vou competir com uma pequena fábrica, sem tecnologia e sem um mercado aberto a todos com os grandes conglomerados industriais que dominam o mundo?
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Logicamente o nosso Scrooge, daria os ombros e pensaria em dar um peru de natal para sua doméstica e aumentaria um pouco o seu salário para dormir uma noite sem fantasmas.
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Mas saindo da fantasia e voltando para a realidade, pensar que haverá formas de modificar a burguesia brasileira simplesmente por convicção e por afeto é pensar que existem fantasmas que aparecem no Natal.

20 agosto 2019

Dá onde não se esperava nada está surgindo a resistência do precariado: Dos YouTubers.

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A noção que muitos tem dos youtubers, ou seja, dos produtores de conteúdo (vídeos) que são colocados na plataforma do Google, o YouTube, é que são um bando de adolescentes cheio de espinhas que se divertem dizendo besteira e fazendo micagens nos seus vídeos.
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Pois bem, estes youtubers que estão cada vez ficando mais profissionalizados com equipes de redação, produção e outras tarefas, estão sendo simplesmente sendo explorados pela plataforma da mesma forma que os proletários do início da revolução industrial eram explorados pelos patrões. E poderíamos dizer que até são ainda mais explorados do que seu companheiros dos séculos passados, pois a plataforma YouTube muda suas regras conforme sua vontade, não paga aos produtores de vídeos quando eles não observam regras que eles mesmos não sabem quais são, ou seja, o capitalismo selvagem mais escrachado dois últimos séculos.
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São milhões de produtores de conteúdo que se esmeram o máximo possível para obter audiência e quando as obtêm vem a surpresa, a chamada desmonetarização do vídeo. Ou seja, as plataformas como a citada simplesmente recebem o dinheiro das propagandas que independente do conteúdo são passadas durante o vídeo e o dinheiro entra na caixa da plataforma e nem é pago um valor arbitrado pela própria plataforma. Quando o produtor entra com um recurso, muitas horas depois, quando já passou o pique das visualizações o vídeo é monitorizado, perdendo o produtor de conteúdo a maior parte das migalhas que lhe são atribuídas.
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Na realidade produtores de conteúdo do YouTube é um exemplo das novas formas de exploração do trabalho, o precariado. Se denomina este tipo de trabalhador desta forma pois são como motoristas do UBER ou outras picaretagens dominadas pelo Imperialismo Internacional, onde aqueles que levam a parte do leão, são as megacorporações internacionais que simplesmente disponibilizam um espaço para estocar seus filmes, ou no caso do Uber, disponibilizam um aplicativo pelo qual os motoristas que são donos do carro e da preciosa mão de obra deixam algo mais de 10% para que o motorista simplesmente faça todo o trabalho e não tenha a mínima cobertura caso tiver qualquer contratempo.
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Porém para inverter esta superexploração do trabalho a poderosa organização sindical alemã da indústria siderúrgica, a IG Metall, se unificou com uma organização incipiente dos Youtubers alemãs para exigir uma série de reivindicações, com o seguinte comunicado:
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Desativar os bots – pelo menos os parceiros confirmados têm o direito de falar com uma pessoa real se você planeja remover o canal deles.
Decisões de conteúdo transparente – Abra a comunicação direta entre os censores (“departamento de conteúdo”) e os Criadores.
Pague pelas visualizações – pare de usar canais demonetizados como “isca” para anunciar vídeos monetizados.
Pare a desmonetização como um todo – se um vídeo estiver de acordo com suas regras, permita anúncios em uma escala uniforme.
Tratamento igual para todos os parceiros – Pare de preferir alguns criadores em vez de outros. Não há mais “YouTube Preferred”.
Pague de acordo com o valor fornecido – divulgue o dinheiro dos anúncios em todos os YouTubers com base na retenção de público, não em anúncios ao lado do conteúdo.
Esclarecer as regras – Traga regras claras com exemplos claros sobre o que é OK e o que é um Não.
Estamos Unidos!
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A função da IG Metall será de dar apoio logístico com seus advogados para que se em um mês o YouTube não der solução, ou entrar em negociações, eles entrarão na justiça contra o Google.
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Provavelmente a luta dos Youtubers terá apoio não só da IG Metall, mas também de um setor que vem sendo prejudicado pelo crescimento das plataformas digitais, o setor de comunicação centrado nos grandes jornais e redes de TV, pois se grande parte das reivindicações tiverem êxito, os custos da redes informatizadas subirá e com isto a concorrência será mais honesta, ou seja, talvez mesmos os liberais, defensores do mercado, deem apoio a estas reivindicações.
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Se os Youtubers tiverem sucesso, seguirão na mesma linha uma série de profissões, como os motoristas e entregadores de Uber, que sofrem o mesmo tipo de superexploração.
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Parece que esta notícia é a mais favorável ao trabalho nas últimas décadas, ou seja, a organização sindical do precariado.

A centralização do discurso ambiental nas mudanças climáticas deixa escapar o pior, a própria devastação do meio ambiente.


Quando se joga tudo nos ursos polares ficando sem gelo no Ártico os ambientalistas obscurecem o verdadeiro problema, que os problemas do meio ambiente além serem globais são oriundos de uma soma de problemas locais.


Parece que a frase anterior é algo anacrônica e fora do contexto da luta pelo meio ambiente, em parte ela é, ou seja, durante muito tempo o protagonismo de ONGs internacionais, algumas com presidentes de honra que são caçadores de animais na beira de extinção, retiram da responsabilidade dos gestores e dos próprios ambientalistas locais, problemas simples ou mesmo complexos que deveriam ser prioritários que estão próximos a nossa possibilidade de atuação caindo na armadilha de ficarmos fazendo grandes contas sobre pegada ecológica de créditos de carbono enquanto esquecemos que a miséria e a pobreza de enorme quantidade de pessoas bem próximas a nós é mais uma parcela do grande componente do que chamamos a luta contra a degradação dos oceanos, das águas superficiais e subterrâneas e principalmente da luta pela sobrevivência da parte mais vulnerável da nossa população.

Fala-se das queimadas dos resíduos que sobram da floresta amazônica, porém poucos falam que estas queimadas são produto da invasão do grande capital contra uma população indígena ou mesmo cabocla que ocupavam imensas partes desta área e são jogadas e comprimidas cada vez mais para dentro dos próprios resíduos de mata que ainda nos resta.
Porém também a degradação dos rios em os estados do Brasil, são provocados principalmente pela falta de condições dos pequenos agricultores e posseiros que para se sustentar tem que necessariamente atacar com vigor o meio ambiente para, por exemplo, conseguir lenha para cozinhar ou mesmo caça para se sustentar.

Parece que o real problema da Amazônia é a única coisa que incomoda os ambientalistas brasileiros, mas esquecer dos microproblemas causados pela falta de saneamento ambiental, de políticas concretas de mudança das políticas de transporte público, de disposição correta de resíduos sólidos, de uso de madeira para o consumo privado e mais centenas destes pequenos problemas, que quando unificados produzem danos equivalentes como os que estão sendo feitos nas nossas florestas remanescentes.

A propaganda macro dos problemas ambientais, sem se começar pelos pequenos danos que prejudicam aqueles que não tendo lugar para ir, se colocam em risco das mais diversas formas desde habitar em zonas sujeitas a inundações, a águas poluídas e outros riscos as pessoas. Esquecem os ambientalistas que quem mais morre pelo uso inadequado e excessivo de agrotóxicos são exatamente os nossos proletários rurais que são contaminados em níveis muitas vezes superior a quem compra uma alface ou um tomate tratados com estes mesmos agrotóxicos que o trabalhador rural e sua família que mora próximo recebem dezenas, centenas de vezes mais o veneno do que o nosso consumidor de alface.

Não estou dizendo que com a devastação planetária que se promove nos dias de hoje, daqui a vinte ou trinta anos grande parte do nosso planeta se transformará um inferno, ou que estou dizendo é que no dia de hoje a vida de bilhões de pessoas no mundo já é um inferno, porém o foco de todas as notícias ambientais é que os níveis dos mares aumentarão alguns centímetros e muitas colheitas falharão provocando para quem não tem recursos fome e miséria. O que estou dizendo que se centralizássemos corretamente o discurso ambiental no microcosmos que a nós confere, a própria militância para o problema macro se ampliaria mais rapidamente. Porém devemos levar em conta, que estes problemas micros a serem resolvidos não podem ser feitos sem uma mudança estrutural do conceito de manejo tanto do planeta como da pequena vila sem água potável, sem esgoto e sem moradia descente. Este problema estrutural está no verdadeiro anacronismo de muitas organizações ambientais, que acham que resolverão o problema do planeta contando com a ajuda de capitalistas e mesmo de oligarquias reais, que eles mesmo fazem parte do problema.

A solução do problema de uma aglomeração humana sem condições de vida descente, que chamamos de vilas, malocas, comunidades e centenas de outros nomes, ferem não só os olhos dos aliados destas organizações “ambientalistas”, mas o principal, ferem os privilégios destes aliados de ocasião, que lhes agradam mais dizer que querem resolver o problema dos ursos do Ártico do que a miséria de uma favela.

19 agosto 2019

A melhor imagem se origina da palavra escrita.



Talvez os inimigos do obscurantismo que reinou livre e sem oposição durante todo um período da 
nossa história através de vídeos colocados no YouTube, Facebook, Watts-App e outros aplicativos periféricos só nos últimos dois anos têm sido combatido exatamente nas mesmas mídias.
Por muito tempo, estas mentes obscurantistas, simplesmente usaram e abusaram de notícias mentirosas (que é o verdadeiro nome para a palavra “fake News”), tornando estas mídias visuais um verdadeiro esgoto.
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Exatamente por estas mídias serem dominadas por mentiras e serem um verdadeiro esgoto putrefato a céu aberto, a imensa maioria dos setores de esquerda, modernamente chamados de setores progressistas, se negavam a utilizar estas ferramentas para não serem confundidos como mentirosos, pois numa negação extremamente tosca culpavam a mídia pela má mensagem que ela propagava e não culpava quem produzia todo este esgoto.
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Com os processos políticos de Trump, do Brexit e no Brasil de Bolsonaro, foi quase uma surpresa para produtores de conteúdos escritos de esquerda, que ficaram isolados numa bolha de quem tem o hábito de ler artigos de jornais ou revistas, continuaram em suas bolhas que ampliadas por produções coletivas como o próprio GGN e outros (Fórum, DCM e centenas de blogs), porque tinham medo de perder o protagonismo e o controle na divulgação de seus pontos de vista melhores estruturados e mais bem embasados sujeitos a críticas de pessoas mais intelectualizadas.
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Como os divulgadores de opiniões e fatos mais com um viés racional, se deram conta que por mais bem estruturados e mais bem elaborados viram que a sua ação racional estava simplesmente sendo vencida pelos produtores de esgoto da extrema-direita, passou-se a uma reação de diversos produtores de conteúdo dos setores, que chamaremos genericamente de progressistas, nas mídias visuais.
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Porém esta produção de conteúdo progressista, começou na maioria dos casos, exceto honrosas exceções, num primarismo de mesma característica dos produtores de notícias mentirosas sem utilizar o mais importante que exatamente as mentes progressistas possuem, a capacidade de roteirizar e colocar de forma lógica assuntos que darão combate as produções de esgoto da extrema-direita.
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Chamo atenção para esta última frase, pois os produtores de conteúdo progressista têm que entender que a linguagem em termos de imagem do esgoto das mídias visuais, não precisam ser necessariamente copiadas por alguém que domina a palavra escrita.
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O que estou dizendo com o parágrafo anterior, estou dizendo que assim como os roteiristas norte-americanos do tempo do Macartismo, Hollywood utilizou de forma velada e até ilegal para as repressão da época, os antigos roteiristas de esquerda que eram proibidos de trabalhar na indústria cinematográfica daquele país, e no momento que diminuíram estes roteiristas e as imposições ideológicas ficaram mais efetivas, simplesmente o mercado internacional começou a balançar na direção de produções europeias que não tinham estas restrições.
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Coloquei a indústria cinematográfica em evidência, pois é a prova que mesmo em produções visuais é necessário o que abunda no setor progressista e é um deserto na extrema-direita, a capacidade de roteirizar e criar textos com cuidado e recursos visuais que se transladado a imagem, produzida profissionalmente ganhará uma batalha que é impossível dos setores progressistas perderem, a batalha da inteligência aliada com a verdade e com a qualidade gráfica.
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Vamos dar mais um exemplo clássico da inteligência de esquerda vencendo um mar de ignorância através da capacidade de roteirizar produções visuais. O grande cineasta de esquerda japonês Akira Kurosawa, simplesmente com seu filme Os sete samurais, que foi inspiração ou mesmo cópia deslavada de produtores ocidentais, marcou não só pelo enredo desenvolvido, mas também pelas tomadas que foram anteriormente cuidadosamente detalhadas e desenhadas pelo grande Kurosawa. 
Ou seja, quando o filme começou a ser rodado, assim como outras obras deste gênio da cinematografia, nada era ao acaso, não era uma ideia na cabeça e uma câmera na mão, era toda a estrutura detalhada para se transformar em imagem.
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Talvez somente o cinema nazista de extrema-direita conseguiu criar obras impactantes nas mão de Leni Riefenstahl com um orçamento e apoio do governo nazista, conseguiu no seus filmes como o Triunfo da Vontade conseguiu criar um documentário de propaganda com qualidade artística, porém mesmo o filme de Leni poderia ser adaptado para qualquer político de qualquer tendência, ou seja, sua estática era o que importava não o conteúdo.
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Coloquei toda esta explicação sobre cinema simplesmente para chamar atenção que a batalha não está perdida, por um simples motivo, para evoluirmos em termos de ocupação do espaço nas chamadas redes sociais e principalmente nas redes sociais com imagem, as pessoas mais a esquerda tem uma vantagem que dificilmente será ultrapassada pela extrema-direita, a capacidade de estruturar roteiros de pequenos vídeos com começo, meio e fim e além disto, roteiros falando a verdade.
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Parece pretensão da esquerda, porém se abandonarmos os esquemas batidos pela própria extrema-direita de ir a frente de uma câmera e ficarmos uma cansativa hora despejando conteúdo sem a mínima estruturação clara, só opinião, o jogo se torna um jogo de bolhas, é necessário a produção clara de conteúdo, até utilizando recursos gráficos mais atraentes que mostre um raciocínio linear, baseado em conceitos, conclamando as pessoas pesquisarem na própria Internet atrás de documentos oficiais e credíveis para dar consistência à apresentação. Ou seja, fazer como os mestres do cinema, do Kurosawa retirar a improvisação nas imagens, e de qualquer bom produtor de propagandas ter mais cuidado na estética de apresentação do conteúdo.
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Vamos a luta (quem tem capacidade para isto) pois a melhor imagem  depende da capacidade de escrever o conteúdo.
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Ganhadores: A greve negra de 1857 na Bahia. Ao Brasil da Uberização de 2019.

O historiador João José Reis há pouco tempo um livro, que ainda não li, mas que já gostei, sobre o título de “ Ganhadores : A greve neg...