03 março 2012

Mais uma vez com as Eólicas, agora falando da “eficiência alemã”.


Dentro do espírito de cachorro vira-lata, que o brasileiro cultua, falamos da grande capacidade do povo alemão em matéria de organização e previsão em longo prazo. Mas será que é assim mesmo?

A primeira ministra alemã, Angela Merkel, prometeu logo depois do desastre de Fukushima no Japão não construir novas usinas nucleares na Alemanha e na medida em que as mesmas forem chegando ao fim de seu prazo de validade ir desativando-as e substituindo por fontes alternativas de energia.

Após o rompante ecológico de Merkel começam a surgir fortes dúvidas no seu país para obter esta tarefa. Segundo o cronograma as usinas eólicas, os biodigestores e as fotovoltaicas deveriam substituir as atômicas. 

O plano previa para em 2035 estar gerando 35% da carga total acrescendo 15% do que é gerado atualmente, para produzir energia mais estável (sem tanta variação no regime de ventos) grande parte das eólicas deverão ser usinas “offshore” (alto mar), mas exatamente nestas que estão surgindo os problemas.


O primeiro problema que surgiu foi da incapacidade dos fornecedores em entregar a tempo os cabos para ligar os geradores eólicos ao continente estando, por exemplo, as plataformas de HelWin1 e HelWin2, que deveriam começar a funcionar em 2012 com o seu prazo de funcionamento com 12 ou 18 meses de atraso. Das 10.000 turbinas eólicas que deveriam ser construídas para 2030 apenas 27 estão prontas e os 25.000MW até agora estão sendo gerados 135MW.

Além dos problemas dos cabos a tecnologia para instalação das torres no Mar do Norte (sujeito a fortes tempestades no inverno) não está perfeitamente equacionada, dos doze meses do ano as empresas que estão instalando os geradores eólicos só estão conseguindo trabalhar dos meses de maio a setembro, ou seja, seis meses por ano.

A choradeira dos fornecedores é tanta que as promessas de financiamento dos parques eólicos estão diminuindo, dos 86 projetos apresentados apenas 24 foram aprovados e apenas 4 estão em operação (os em regiões mais favoráveis).

Com tudo isto a indústria alemã começa a fechar algumas fábricas tradicionais (Usina Krefeld de aço inoxidável da Thyssen-Krupp, que foi vendida para os concorrentes, e será fechada no final do próximo ano).

A energia solar também não vai muito bem das pernas, o sol está meio que falhando na Alemanha, em janeiro deste ano os 1,1 milhões de coletores solares praticamente geraram zero em energia, para complementar o que não existe, energia elétrica está sendo importada da França e da República Checa ou também estão religando antigos geradores a óleo diesel. Isto tudo ocorre apesar de até 2011 já se tenha investido nada mais nada menos do que 100 Bilhões de Euros. A energia solar consome na Alemanha (Lei de geração de renováveis – 20 anos de produção até 2007).

A geração de energia solar, no momento que começou a ser sugerida como umas das alternativas para a indústria começaram a aparecer os custos escondidos. O Rhine-Westphalia Institute for Economic Research (RWI) calculou a fatura que será apresentada aos consumidores somente para os subsídios das instalações conectadas em 2011, o valor é de 18 bilhões de Euros em 20 anos. O RWI calculou o impacto da energia solar nas famílias alemãs, resultando num sobrepreço de 200 Euros por ano (além do custo da eletricidade).

Em resumo, atualmente o preço da energia na Alemanha é de 16,7 Euros/KWh, só perdendo para a Dinamarca (campeã mundial em energias alternativas – 20,6 Euros/kWh) e para a Itália (17,5 Euros/KWh), se for retirado a produção nuclear aumenta até 2020 em 20% o preço, ultrapassando a Dinamarca e inviabilizando parte da indústria Alemã.

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